domingo, 23 de agosto de 2009

Julgar torturadores, sim !

Justíssimo:o crime de tortura não prescreve. Assim como os assassinos da câmara de gás ( holocausto ) foram julgados e condenados, assim também os brasileiros assassinos da ditadura no Brasil devem ser julgados e punidos. Disse-me uma vez Hélio Pellegrino:" Por acaso torturador cuida de orquídeas ?". Perdoe-me Hélio- que está no céu -, torturador até pode ser orquidófilo o que não diminui a sua psicopatia, mesmo que sendo comandado. Aí pega-se também os chefões mandantes e aqueles ideólogos da direita que mataram (ou foram a favor ) e destruiram familias, lares e esperanças. Parabéns ministro Tarso Genro. Em boa hora, que a Justiça seja feita !

sábado, 22 de agosto de 2009

Uma pioneira no Brasil

Pioneira no Brasil
*João Carlos Moura
Foi-me pedido um depoimento sobre Regina Alvarez, artista plástica que lançou no Brasil-, uma novidade: máquina fotográfica feita numa caixa de papelão. Regina faleceu, e agora sairá uma obra onde se confirma :foi em Petrópolis, no Centro de Criatividade, que Regina mostrou pela primeira vez o seu trabalho.
Fomos colegas na ENBA ( Escola Nacional de Belas Artes do Rio) lá pelos idos de 68/69 .Me lembro nitidamente dela: voz calma, quase inaudível, roupas de camponesa que lembravam alguma portuguesa ou espanhola.
Regina era amiga de todos e todos eram amigos da Regina. Era uma pessoa singular.Inesquecível para quem a conheceu. Marcante, no seu jeito doce de ser e se comportar.
Ela morava em Santa Teresa, que talvez fosse no Brasil à época o bairro que mais concentrava intelectuais por metro quadrado. Não por acaso lá ficou " hospedado " o embaixador americano que fora seqüestrado em Botafogo por Gabeira, Franklin Martins e outros...
A porta da EBA ( Escola de Belas Artes, como a chamávamos ) era efeverscente, pois ali se reuniam professores, estudantes e muita gente de outras áreas. Me lembro do Paulo Coelho por exemplo,e sei hoje que sua namorada ( muito doidinha, simpática, gozada, brincalhona) era nossa colega, Fabíola. Ela posou nua no Pasquim, que era leitura obrigatória de todos, fossem da direita ou da esquerda.
Um detalhe: a Escola de Belas do Rio era o reduto das moças mais bonitas do Rio e de outros estados brasileiros, que iam pra lá estudar. Era chique estudar na Belas Artes. Tinha mais moça bonita que na badalada Psicologia da PUC no Rio. Palavra de homem.
Artistas vários se reuniam também na porta da escola, inclusive gente de teatro, cinema, fotografia, jornalistas, comunistas ou não faziam da porta da escola um centrinho de debates, histórias etc.
Para lembrar: na EBA nasceram ( foram pintadas ) as grandes faixas ( hoje históricas) das grandes passeatas no Rio, do tipo : " FORA O FMI", " O POVO UNIDO JAMAIS SERÁ VENCIDO" e outras mais...
Pintávamos as faixas no porão ( no chão) da EBA onde ali também ficava o Diretório Acadêmico.
Depois de algum tempo deixei a B.Artes, casei e fiz vários cursos na Escolinha de Arte do Brasil - onde encontrei também Regina. Eram cursos de Arte e Educação, para que a criança-, sobretudo - se iniciasse no treinamento da sensibilidade através do fazer com suas próprias mãos, mas que em geral pintavam também a sua cara e outras partes do corpo.
Na escolinha era uma algazarra criativa . A pior hora, era a hora de ir embora. Sempre queriam fazer mais um pouquinho. Não havia computador nem joguinhos eletrônicos. Através dos tradicionais materiais de arte como pincéis, tintas e papel as crianças penetravam - sem fim - no possível mundo do fazer e da criação- através da arte .
Fui morar em Petrópolis e com minha ex-mulher fundamos o Centro de Criatividade . Fomos trabalhar com crianças, adolescentes e adultos. Era o que se chamava à época de escolinha de arte . Na escolinha era uma algazarra criativa . A pior hora, era a hora de ir embora. As crianças sempre queriam fazer mais um pouquinho. Não havia computador nem joguinhos eletrônicos. Através dos tradicionais materiais de arte como pincéis, tintas e papel as crianças penetravam - sem fim - no possível mundo do fazer e da criação- através da arte .
Fiz vários cursos de arte e educação, inclusive com Tom Hudson do Cardiff College Of Art , da Inglaterra.
Quem o trazia e o patrocinava era D. Zoé Chagas Freitas , mulher do ex-governador do Rio, Chagas Freitas.
No verão ( época de férias) fazíamos da sala única da escolinha uma sala de exposições.Cheguei a expor serigrafias do primeiro time da arte brasileira através da GB (Gravura Brasileira) galeria de arte cujos sócios -, se não estiver esquecendo de alguém,- eram :Aloísio Magalhães ( o mais famoso designer brasileiro) , a gravadora Ana Letícia, e a marchand Márcia Barroso do Amaral que hoje tem uma importante galeria de arte em Copacabana, que leva seu nome.
Entre os gravadores lembro-me de Darel Valença, Scliar, A. Letícia entre outros, e por incrível que pareça, tínhamos serigrafias originais, assinadas de Victor Vasarely na época um dos fundadores da Optical Art ( arte cinética), badalado desde a França para o mundo.
Entre outras exposições recordo de esculturas de Moriconi, jóias com Marcio Mattar e Caio Mourão ( os criadores da jóia autoral no Brasil) e fotografias da Regina , que ao vir da Inglaterra após curso feito lá, trazia e inaugurava a grande novidade :fotografias feitas através de uma caixa de papelão !
O visor da "máquina" - que era de papelão corrugado, de embalagem, reaproveitado -, era um furo, meio quadrado, parecia feito à mão, sem tesoura, tal a irregualidade no seu primoroso acabamento.
Mas era revolucionário : Regina fazia e ensinava a fazer fotografia em máquina de papelão !
Parecia coisa de doido. E era. Imagine na época da máquina fotográfica NIKON F, que audácia, ensinar crianças a fotografar (e olhar o mundo ) através de um buraco malfeito numa caixa de papelão que elas mesmas faziam, sob orientação da Regina, num passo-a passo até revelar a foto-inacreditável !
Isso foi em 1978 , Regina Alvarez expôs pela primeira vez o seu trabalho. Em Petrópolis.
* artista plástico

TEXTO PUBLICADO NO JORNAL PRIMEIRA HORA em 21/8/2009

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FRIBURGO ARDE

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